Descrição
Voltando para a psicopatologia individual, o neurótico conseguiu criar um símbolo para a mãe-ausente e por isso conta com uma rede de representações. O não-neurótico não fez o luto pela perda do objeto. Não é capaz de sustentar psiquicamente o negativo, a “ausência” da coisa; “a linguagem não veio substituir a coisa. O símbolo não lhe diz nada, se não estiver minimamente acompanhado pela coisa simbolizada. Assim como Quinn não confia na capacidade das tintas de representarem as fezes e expressa essa descrença pintando com as próprias fezes, Alex (e tantos outros) não confia que a massinha possa representar o velho e suas canções tradicionais. Ao invejar o velho, tem que esmagar o próprio velho.
Quando a palavra estupro é substituída por “entra e sai” está em curso o processo de desnaturação da linguagem. A ideia de desnaturação do laço simbólico foi desenvolvida em outro texto (Minerbo, 2000). Ao estudar a lógica da corrupção, sugeri que a corrupção corrompe – rompe – o laço simbólico que une a palavra juiz a uma série de significados como justiça, transgressão, culpa, pena etc. Como consequência, a palavra justiça acaba por não ter mais o lastro necessário para constituir subjetividade. Houve um esvaziamento semântico. Isso afeta nossa sensibilidade: a toga não evoca mais em nós sentimentos como confiança e respeito.
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