[…] Enquanto estivemos à missa e a à pregação, seria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos como a de ontem, com sem arcos e setas, a qual andava folgando. E olhando-nos, sentaram-se. E, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e a dançar um pedaço. […] Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, por que eles, segundo parece, não têm nem entendem nenhuma crença. […] Portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da sua salvação. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim. Eles não lavram, nem criam. Não há boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa somente e fruitos, que a terra e as árvores de si lançam.[…] Nela, até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisas alguma de metal ou ferro, nem lho vimos. Porém a terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. […] Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé”.

Descrição

[…] Enquanto estivemos à missa e a à pregação, seria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos como a de ontem, com sem arcos e setas, a qual andava folgando. E olhando-nos, sentaram-se. E, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e a dançar um pedaço. […] Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, por que eles, segundo parece, não têm nem entendem nenhuma crença. […] Portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da sua salvação. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim. Eles não lavram, nem criam. Não há boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa somente e fruitos, que a terra e as árvores de si lançam.[…] Nela, até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisas alguma de metal ou ferro, nem lho vimos. Porém a terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. […] Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé”.