
Beijo as mãos de Vossa Alteza. Deste Porto Seguro, da vossa Ilha da Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500. Pero Vaz de Caminha. A carta de Pero Vaz de Caminha é um importante e curioso registro dos primeiros contatos estabelecidos entre os lusitanos que ocupavam a esquadra de Pedro Álvares Cabral e os povos indígenas que viviam no território que seria paulatinamente conquistado pela Coroa de Portugal. Nesta premissa, Caminha constrói em seu relato a imagem dos nativos com um teor de curiosidade e, ao mesmo tempo, de espanto, já que segundo o cronista, eram povos completamente distintos dos que os portugueses já conheciam. Além da diferença, esses povos traziam outra maneira de ser, completamente distante da forma europeia — podemos dizer que houve um verdadeiro choque de realidades. Segundo Novaes (1999, p. 8) os primeiros viajantes e os filósofos do século XVI nos mostram que através dos contatos com as sociedades indígenas, inicia-se o longo itinerário da descoberta do Outro. Desse modo, o “reflexo no espelho da cultura não produz apenas o duplo, produz também a consciência da diferença”. Assim, a partir de 1500, o pensamento Ocidental vive de um duplo: ora dominado pela imaginação, ora tentando penetrar o mundo do Outro. Essa contradição tem história!
outubro 4, 2024Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da vossa Ilha da Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Pero Vaz de Caminha.
A carta de Pero Vaz de Caminha é um importante e curioso registro dos primeiros contatos estabelecidos entre os lusitanos que ocupavam a esquadra de Pedro Álvares Cabral e os povos indígenas que viviam no território que seria paulatinamente conquistado pela Coroa de Portugal. Nesta premissa, Caminha constrói em seu relato a imagem dos nativos com um teor de curiosidade e, ao mesmo tempo, de espanto, já que segundo o cronista, eram povos completamente distintos dos que os portugueses já conheciam. Além da diferença, esses povos traziam outra maneira de ser, completamente distante da forma europeia — podemos dizer que houve um verdadeiro choque de realidades. Segundo Novaes (1999, p. 8) os primeiros viajantes e os filósofos do século XVI nos mostram que através dos contatos com as sociedades indígenas, inicia-se o longo itinerário da descoberta do Outro. Desse modo, o “reflexo no espelho da cultura não produz apenas o duplo, produz também a consciência da diferença”. Assim, a partir de 1500, o pensamento Ocidental vive de um duplo: ora dominado pela imaginação, ora tentando penetrar o mundo do Outro. Essa contradição tem história!