TEXTO 1 A Frente Parlamentar Evangélica é majoritariamente composta por não evangélicos(as) – 54% do total de seus membros. A composição da Frente Evangélica reproduz a desigualdade de gênero observada na Câmara, embora, nela, a sub-representação feminina seja ligeiramente menor (16,7% mulheres; 15% homens). Destaca-se a participação relativa da Frente na apresentação de projetos sobre os temas direito penal, defesa e segurança e processo legislativo. Na chamada “pauta de costumes”, a participação da Frente no conjunto de projetos apresentados também foi expressiva, cerca de 40%. Não foram os membros da Frente, contudo, os autores do conjunto de projetos aprovados sobre o assunto. A análise da intensidade de engajamento dos parlamentares da Frente Evangélica sobre quatro temas de interesse da sociedade civil brasileira (Meio Ambiente, Amazônia, Direitos Humanos e Agropecuária) também revela poucas diferenças com relação ao restante da Casa. As médias dos índices de ativismo de tribuna (IAT) da Câmara e da Frente se assemelham em todos os casos, embora parlamentares da Frente discursem mais sobre “direitos Humanos” e menos sobre “agricultura e pecuária”. No tema “direitos humanos”, destacam-se discursos relativos à “segurança e justiça” em alinhamento com o grande volume de proposições apresentadas sobre o assunto. Pautas geralmente associadas pelo público em geral à Frente Evangélica, a exemplo de cor e raça, sexo e gênero e liberdade religiosa são objeto de discurso de menos de 20% dos parlamentares que a compõem. A Frente Evangélica do Congresso Nacional tem impacto relevante no processo legislativo por seu tamanho e composição, mas seu trabalho legislativo favorece muito mais a posição do governo na Câmara do que a da comunidade evangélica em geral. Ela não se destaca na alavancagem de projetos supostamente caros ao grupo e tampouco na comunicação política relativa ao assunto. Ou seja, eventuais avanços legislativos em questões potencialmente de interesse dos evangélicos são aparentemente fruto das preferências da Câmara em geral, mais do que dos esforços e iniciativas da Frente Parlamentar.

outubro 2, 2024 0 Por Luís Fernando

TEXTO 1

A Frente Parlamentar Evangélica é majoritariamente composta por não evangélicos(as) – 54% do total de seus membros. A composição da Frente Evangélica reproduz a desigualdade de gênero observada na Câmara, embora, nela, a sub-representação feminina seja ligeiramente menor (16,7% mulheres; 15% homens).

Destaca-se a participação relativa da Frente na apresentação de projetos sobre os temas direito penal, defesa e segurança e processo legislativo. Na chamada “pauta de costumes”, a participação da Frente no conjunto de projetos apresentados também foi expressiva, cerca de 40%. Não foram os membros da Frente, contudo, os autores do conjunto de projetos aprovados sobre o assunto.

A análise da intensidade de engajamento dos parlamentares da Frente Evangélica sobre quatro temas de interesse da sociedade civil brasileira (Meio Ambiente, Amazônia, Direitos Humanos e Agropecuária) também revela poucas diferenças com relação ao restante da Casa. As médias dos índices de ativismo de tribuna (IAT) da Câmara e da Frente se assemelham em todos os casos, embora parlamentares da Frente discursem mais sobre “direitos Humanos” e menos sobre “agricultura e pecuária”. No tema “direitos humanos”, destacam-se discursos relativos à “segurança e justiça” em alinhamento com o grande volume de proposições apresentadas sobre o assunto. Pautas geralmente associadas pelo público em geral à Frente Evangélica, a exemplo de cor e raça, sexo e gênero e liberdade religiosa são objeto de discurso de menos de 20% dos parlamentares que a compõem.

A Frente Evangélica do Congresso Nacional tem impacto relevante no processo legislativo por seu tamanho e composição, mas seu trabalho legislativo favorece muito mais a posição do governo na Câmara do que a da comunidade evangélica em geral. Ela não se destaca na alavancagem de projetos supostamente caros ao grupo e tampouco na comunicação política relativa ao assunto. Ou seja, eventuais avanços legislativos em questões potencialmente de interesse dos evangélicos são aparentemente fruto das preferências da Câmara em geral, mais do que dos esforços e iniciativas da Frente Parlamentar.